Para ela aquele sentimento era indescritível. Ou melhor, era sim. Misturava-se surpresa e ansiedade com alegria e uma pitada de esperança e fulgor. A confusão se fazia presente em sua mente. Vê-lo assim, como se fosse a primeira vez, na verdade era a primeira vez. Era uma situação contraditória, pois sentia como se o conhecesse por toda uma vida, apesar de nunca o ter visto. Não sabia se ele sentia o mesmo, mas os olhos de ambos continuavam a se olhar, e uma força incrível e cativante não os deixava se afastar um do outro. O coração apertava, a alma reconhecia. Meu Deus, por que se sentia assim? Como criança que finalmente ganha o presente de Natal com o qual sempre sonhou. Era outono. Seria esse seu presente adiantado? Tentou se aproximar. Como seria tocá-lo? Sentia uma curiosidade jamais antes sentida. Queria sair correndo e abraçá-lo, mas como poderia fazer isso sem se sentir tola e parecer insana? Ele era um completo estranho. Um estranho que o seu Ser reconheceu, que seus olhos olharam como se fosse familiar, que seus braços queriam agarrar como se fizesse isso há muito tempo. Percebeu então que era apenas um estranho para os costumes vigentes onde vivia, pois para ela, ele parecia tão familiar quanto o seu próprio eu. Ficou ali, naquele instante tão seu, tão deles, se perguntando o que aconteceria a seguir. Tão enfeitiçada estava que por mais que quisesse não conseguia se mover e finalmente perguntar de onde o conhecia. Resolveu então esperá-lo, pois ele também a olhava com certo reconhecimento e confusão. E depois de um minuto que para ela foi como a espera de toda uma vida, ele se aproximou. Estendeu a mão como quem se apresenta com respeito a um desconhecido. Ela, dividida entre a vontade (que mais parecia uma necessidade) de abraçá-lo com todas as suas forças e o receio de que parecesse louca se realmente o fizesse, estendeu sua mão quase trêmula e apertou a dele. Tão logo se uniram já se separaram. Tamanho foi o susto quando ao encostarem suas mãos, um pequeno choque as invadiu, e junto com ele, um misto de calafrios e calor. Será que fora apenas um equívoco? Talvez tivesse sido apenas um aperto de mãos comum. Mas a expressão que seus rostos sustentavam não poderia servir de base para essa afirmação. Não, não fora um simples e cordial comprimento. A taquicardia que se fazia presente em ambos também não era normal. Sorriram. Era o que restava a fazer. Seguindo um impulso ele a chamou para irem a um Café, estava muito frio lá fora. Ela seguiu seus instintos, que dessa vez diziam que deveria aceitar o convite de um estranho. O estabelecimento realmente trazia conforto para ambos, para ambos os corpos, já que suas almas continuavam inquietas. Sentaram-se. Não quiseram nada que o Café pudesse oferecer; naquele momento desejavam apenas a presença um do outro. Ele criou coragem: Rafael. Poliana. -Amor à Primeira Vista.
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